sexta-feira, 21 de março de 2008

Persepolis


Podem-me chamar saudosista, mas a verdade é que adorei o tipo de animação do filme. Numa altura, em que a tecnologia de ponta invadiu a animação, é sempre bom regressar a uma animação simples, mas no entanto cativante e bem conseguida. A animação manteve-se fiel aos desenhos originais. Os flashbacks que nos conduzem pela história do Irão estão bem conseguidos e tanto arrancam sorrisos como lágrimas.
Ainda há quem aponte o dedo ao argumento por ser simplista e ingénuo. Não creio. O filme aponta o dedo a quem tem de apontar, sem falsos favoritismos, Não critica apenas a história conturbada deste país, mas também aqueles que forneceram o armamento e que o apoiaram por interesses económicos (petróleo, mais uma vez).
Vemos uma menina vivaça e engraçada que pouco a pouco vai perdendo a sua inocência com todo um desenrolar de situações que surgem no seu país, no seu bairro, na sua família… A inocência quebra-se aquando da morte do tio. Marjane apercebe-se de que os heróis morrem, independentemente do regime vigente. A sua cabeça cobre-se com um véu negro, a escola separa-a dos colegas homens com quem brincava na infância e a sua mão bate no peito clamando pelos mártires de guerra.
A avó permanece sempre como uma figura mordaz, com os seus comentários inesperados, mas extremamente acutilantes e acertados.
Marjane é enviada para Viena, onde descobre a dita “cultura ocidental” e onde se funde com tendências e ideologias. Sente-se sempre como uma “outsider”, nunca se encaixando totalmente na sociedade onde vive. Até que se dá o colapso que a faz regressar à sua terra Natal.
E de volta, entrega-se ao casamento, para desgosto da mãe. Apesar da educação, do tudo o que viu e tudo o que viveu, Marjane não vê outra solução. A brigada dos Costumes não lhe dá outra saída para viver o amor.
No fundo, vemos uma pessoa que balança entre dois mundos, sem saber muito bem qual o seu lugar. Não disse tudo o que queria dizer, mas até acho que já disse demais!

sábado, 15 de março de 2008

The Other Boleyn Girl


Não é um filme histórico, não é uma obra-prima, mas obedece ao seu intuito. Prende-nos à grande tela, pelo simples facto de ser uma ficção com personagens reais ( em ambos os sentidos).
É o cinema pelo entretenimento, mas eu também não esperava mais que isso. Por esta razão, foi bom!

segunda-feira, 3 de março de 2008

La M^ome


O desempenho de Marion Cotillard e inspirador e de um profissionalismo admiraveis. 
O tratamento da epoca em termos historicos e a fotografia sao fidedignos e extremamente captivantes. Nota-se a presenca de uma investigacao meticulosa da vida e personalidade de Edith Piaf e do seu meio-ambiente.
O desenrolar da tensao e bem orquestrado e meticuloso. Um exemplo de anticlimax que me fascinou foi esperar que, a meio do filme, Edith Piaf nos deslumbrasse com a sua voz e ter sido agradavelmente surpreendida com um substituto belissimo para a sua voz (nao me vou alargar mais, para nao vos estragar a surpresa) que o realizador abordou de forma original e artistica.
A rede complexa de flash backs da vitalidade e riqueza ao filme e mantem a frescura numa viagem epica pela vida de Edith Piaf.
Mereceu o Oscar, mereceu os Baftas e merece que voces o vejam porque esta magnifico.
Entra o Gerard Depardieu que eu AAAdoro!!!!
xi

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A Clockwork Orange na Cinemateca



Não sei quando vi este pela primeira vez, mas já lá devem ter passado uns bons 6 anos. Desde então não me voltou a largar. Vi e revi o filme, devorei o livro. Não sei o que me fascina mais no filme, se o facto de nos sentirmos atraidos por Alex apesar da sua personalidade violenta, se pela realização extraordinária de Kubrick.
E agora pela primeira vez tenho a oportunidade de o ver na grande tela (amanha, 29/02, 9.30), na Cinemateca.
Caso para dizer, para quem ainda não viu e estiver em Lisboa, aproveitem, para quem já o conhece e ainda não viu no cinema, idem aspas. Já tive a sorte de ver o 2001 numa sala de cinema e é uma experiencia única, incomparavel àquela das TVs de 35 cm de diametro...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Juno

Sim, eu sei... Todos os anos existem surpresas, não é por aí... O filme adopta um ponto de vista diferente do que aquele que normalmente vemos. Não estamos habituados a um tal despreendimento. Foca pontos importantes de uma maneira descontraída, de um ponto de vista diferente da visão adulta e responsável. Quanto ao filme, bom, gostei, tem o seu encanto.
No entanto, a força de Ellen Page não atinge o seu auge neste filme, a sua interpretação em "Hard Candy" está a anos luz desta interpretação ingénua/despreocupada. O seu papel aqui é bom, mas nada em comparação com a dualidade personificada na criança/demónio.
Há pessoas que acordam tarde demais, que só reparam no que surge depois... Sei que para muitos o meu discursos não faz sentido, mas sei também que alguns me compreendem!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

In the Valley of Elah

Reza a história que David derrotou Golias... Não é a primeira vez que esta metáfora é usada neste contexto, mas resulta. O gigante sai derrotado, mas no fundo todos ficam a perder. Acompanhamos um drama pessoal, mas acima de tudo admiramos a coragem e a sinceridade. Gostei, gostei muito. Não veio acrescentar nada àquilo que todos nós sabemos, mas veio demonstrar que no seio de Golias há vozes dissidentes.
Um filme a não perder!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Tales From Earthsea, Goro Miyazaki



Fiquei desiludida com a realizacao grafica de Goro Miyazaki, filho do colossal Hayao Miyazaki.
Aluguei o filme na esperanca de encontrar mais pecas visuais do puzzle onirico que classicos como "Spirited Away", "Howls of the Moving Castle" e mesmo "Porco Rosso" nos ofereceram.
Perdeu-se a riqueza de personagens a que este tipo de filmes nos tinha habituado e perdeu-se tambem a complexidade da animacao.
Tive momentos no filme em que pensei que estava a ver uma producao classica da Disney e nao de um dos principais membros da familia Miyazaki.
O ritmo do filme perdeu dinamica e sofreu de redundancias graficas e, por vezes, tematicas que me levaram a desejar que acabasse depressa.
O rapaz ainda e novo. Vamos la a ver como sai o proximo.
Quem me dera que a realizacao dos contos de "Earthsea" tivessem caido nas maos do seu pai.